No município de Andaraí de
antigamente, muito embora existisse uma separação nítida de classes sociais,
havia respeito ao indivíduo. A palavra era garantia de cumprimento de promessa
partindo do rico ou do pobre. Os mais abastados não se furtavam de prestarem
solidariedade aos mais necessitados. Havia prosperidade repartida na ideologia
garimpeira porque a proporcionalidade do 1/5 era respeitada e a hombridade do
garimpeiro era tal qual ou maior que a do patrão.
As feiras; 4 (quatro) semanais;
eram fartas e concorridas. Os comerciantes eram prósperos. Aos domingos as
chitas e casimiras estampavam a vaidade simples ou mesmo as vaidades
arrogantes, porém, de felicidade e, tanto o Andaraí Social Recreativo quanto o
A sociedade Beneficente dos Garimpeiros (CASPETE) faziam transparecer essa
felicidade nos bailes semanais.
Ressoavam nos quatro cantos da
cidade o “xingar ximbungo” de Orlando, que, se fosse hoje, após cruzar com o
gritar “olha a cocada lapucha” de Vicente, em plenos pulmões e ajudado por um
megafone, seria crime de discriminação e homofobia. Mas, o bom senso já
prevalecia lá nos tempos idos e o respeito á opção sexual de cada um,
antecipava-se à lei, atual.
Mas, “Lôro Rico” bamburrou! Os
tixés das prostitutas ardiam em chamas. Eram perfumados de diamante negro no
aguardo da grande comemoração que adviria partindo do garimpeiro mais cobiçado
do pedaço de chão. Louro, 2 (dois)
metros de altura e de olhos azuis. Ao som de apenas um surdo, corpos nus e
rostos felizes iriam esbaldar até esvair todo o fruto do trabalho garimpeiro do
galã, e, este, feliz e sonhador, falido, voltava à atividade, no aguardo do próximo
bamburrar.
A violência era somente entre as
linguarudas do lugar, fato perpétuo, e de Vivaldo que não podia ver uma bunda
proeminente que a mão boba criava uma encrenca. No mais, o carcereiro local se
aposentou com 35 anos de tempo de serviço e jamais encarcerou alguém. Minto.
Encarcerou apenas um preso vindo de Itaeté, cuja cadeia estava em reforma.
Alguém deve estar se indagando o
porquê de estar contando essas histórias. Simples: para mostrar que os tempos
são outros e mais perigosos que os de outrora. Lá, naqueles idos, como já
dissemos, a cadeia de Andaraí ficou 35 anos de portas aberta porque não havia
crime, por conseguinte, nem presos para ocupá-la. Hoje, somente por crimes
políticos o estádio do Paraguassu não caberia todo mundo. E, imaginem quais
criaturas encabeçariam a lista?
Como diria Isabelle Drumond: “É a
treva!”Digo eu: é a piçarra!
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