UM MUNICÍPIO MORRENDO

O desmando é o câncer institucional do Brasil que deveria fazer parte de reality show para o mundo inteiro assistir como morre um município por essa doença que se prolifera em velocidade alarmante.

Historicamente o município de Andaraí traz essa sina pelo fato do seu distrito Igatu, ter virado a vila fantasma, não pelo desmando; que à época ainda não existia; e o povo tinha pavor e vergonha, o que não ocorre nos tempos de hoje, mas pela principal atividade, o garimpo, que exauriu e reduziu uma população de 15 mil pessoas para menos de 300, em menos de 4 anos.

O Primeiro sintoma do câncer institucional é a fuga da mão de obra local para outros lugares pela falta de trabalho e a migração de jovens em busca de estudo e melhores condições em outras cidades. O município de Andaraí já migrou mais de 4 mil pessoas na última década e somente manteve a população oficial em números pela imigração de pessoas do grupo sem terras que por incrível que pareça, pela razão de nada produzir nos assentamentos de reforma agrária, ampliou a miséria absoluta do município, prejudicando ainda mais; muito embora são brasileiros como todos e merecem respeito; a crise local.

O mal maior é visto quando o município nada produz e vive exclusivamente dos repasses de verbas federais que ainda insuficientes são mal administradas e em muitos casos desviadas provadamente para interesses particulares dos gestores descomprometidos com a moral e o bem- estar público. 

RELATÓRIO DO TCM – CONTAS DE 2009.

“Determinar a abertura de Termo de Ocorrência com vistas à apuração dos motivos que ensejaram o gestor a não promover as medidas necessárias a devolução às contas do FUNDEF/FUNDEB, com recursos municipais, dosvalores referentes aos processos nºs 06394-06 (R$25.894,65), 08085-07(R$16.185,00), 07514-08 (198.462,08) e 15093-09 (R$9.621,00), totalizando R$250.162,73, devido sua aplicação em ações estranhas às finalidades dos Fundos, considerando que o Parecer Prévio TCM nº 192/10, referente às contas do exercício de 2009, conferiu ao gestor a possibilidade da devolução ser parcelada em até três vezes." Bondade do TCM.

Oficialmente por informação do Tribunal de Contas dos Municípios o município de Andaraí teve o seguinte desempenho no exercício de 2012:

Receita própria do município:

R$ 1.355.206,69 *

Transferência de recursos:

R$ 22.519.982,96 *

Receita total (própria+transferências):

R$ 23.875.189,65 *

Gastos com Saúde:

R$ 2.366.885,32 *

Gastos com Educação:	R$ 8.477.337,21 *
* Dados informados pelo gestor para o exercício de 2012

Atentando apenas para a receita própria do município R$ 1.355.206,69 *

 Se dependesse dessa verba para a manutenção do município não pagaria 10% da folha de pessoal que é de  R$11.Milhões, nem mesmo os gastos com saúde:R$ 2.366.885,32 *

O reflexo social; que por incrível que pareça o povo não enxerga mesmo sentindo no bolso e no dia a dia; é triste com o comparativo, até mesmo de passado recente quando o efeito dos desmandos de 30 anos ainda não havia produzido o estrago maior. 

A fase terminal da doença; que é a anemia cancerígena; é a seca. Não cuidada nos 30 anos de administrações oportunistas e desastrosas, dizimou tudo, todas as defesas do município, até dos próprios incompetentes gestores que amargam altíssimos prejuízos com suas próprias negligências e terão que compensar de alguma forma.

Nada! Uma só cultura, nem mesmo a mandioca que ganhou verbas federais.  Animais, só os do dono de 60% das terras do município, que construiu com verbas públicas um parque só para negociar seus próprios animais ou o que restou deles. Se não fossem aposentadorias e as 2.800 bolsas família o município seria exclusivamente de pedintes.

O estado terminal do município se carateriza melhor na própria doença. Quando toda medicação está disponível, toda uma estrutura hospitalar e aparelhagem e, pela falta de diagnóstico prematuro e prevenção e outras mazelas, o paciente sabe que vai morrer.

O município tem 54 automóveis próprios e 70 locados. Inúteis ao município, mas, úteis ao consórcio. Tratores; caçambas Inúteis ao município servem para gerar deliberadamente consumo; e muito; de combustível. Úteis ao consórcio e patrimônio fácil de ser dissolvido, lá na frente.

Outro diagnóstico da falência múltipla dos órgãos são as feiras que mesmo antes dos efeitos cancerígenos aparecer eram 4 mensais e todas elas cheias de pessoas negociando e comprando, acabou! Nem mesmo a feira do dia do pagamento é movimentada.

A morte social está nas estatísticas que apontam Andaraí como um município proporcionalmente mais problemático que Nova York, droga, prostituição infantil, gravidez na adolescência, pedofilia, agressões verbais e físicas, roubos e furtos e outras situações como corrupção passiva e ativa de agentes políticos.

Daria para escrever um livro, se chamaria A Piçarra, que significa o fundo do poço a que chegamos, exclusivamente pela despolitização de um povo que foi alienado a acreditar que o ”rouba, mas, faz” é prática saudável e, por incrível que pareça, todos ainda estão em estado de hipnose, inebriados pelos farsantes oportunistas e não sabemos quando irá acordar. Pelo rumo traçado, somente quando começar sentirem falta de ar.  

A verdade nua e crua é que o município de Andaraí está em fase terminal e o seu povo está sendo enterrado junto com este, em estado de catalepsia, e, pelo visto, não vai ter ninguém para acompanhar o enterro. Até o inter locutor que eles vão acabar mandando matar de tanto denunciar. Morte em vão, não temo a morte, temo mais é ver a infelicidade coletiva prevalecer em benefício do mal tão patente e provadamente cancerígeno que se chama corrupção, seus agentes; seus seguidores e os omissos e covardes egoístas, os piores, no enterro, esses dão aquela risadinha disfarçada e diz: ”Toma F.D.P”! Mesmo sabendo que estão sendo enterrados juntos.